Negócios de Sucesso: o ego na liderança pode ser um fator negativo!

No mundo das empresas, o ego assume um papel crucial, podendo ser tanto um inimigo perigoso quanto um aliado valioso.

O ego como um inimigo perigoso ou um aliado valioso?

Compreender a diferença entre um ego saudável e um ego inflado é fundamental para líderes que desejam alcançar o sucesso nas empresas e negócios, inspirando suas equipas.

Ego inflado: uma armadilha perigosa.

Um ego inflado caracteriza-se por uma percepção exagerada da própria importância, habilidades e realizações. Líderes com esse tipo de ego frequentemente apresentam comportamentos como:

  • Arrogância: acreditam que suas ideias e decisões são sempre as melhores, ignorando as opiniões e sugestões dos outros.
  • Falta de empatia: incapazes de se colocar no lugar dos outros, não conseguem entender seus sentimentos e perspectivas.
  • Teimosia: insistentes nas suas próprias ideias, mesmo quando há evidências de que estão erradas.
  • Necessidade de reconhecimento: buscam constantemente elogios e validação, muitas vezes às custas dos outros.
  • Aversão a críticas: dificultam-se em aceitar feedback negativo, mesmo quando construtivo.

As consequências de um líder com ego inflado podem ser devastadoras para a equipa e para a empresa:

  • Tomada de decisões más: líderes arrogantes podem tomar decisões precipitadas e impulsivas, baseadas em seus próprios interesses e crenças, sem considerar as necessidades da equipa ou da empresa.
  • Falta de motivação da equipe: funcionários podem se sentir desvalorizados e desmotivados por um líder arrogante e egocêntrico.
  • Alto índice de rotatividade: um ambiente de trabalho tóxico, criado por um líder com ego inflado, pode levar a um alto índice de rotatividade de funcionários.
  • Falta de inovação: líderes com ego podem ter medo de novas ideias e sugestões, pois veem-nas como uma ameaça à sua própria autoridade.

Ego saudável: um aliado valioso.

Em contrapartida, um ego saudável, baseia-se numa confiança sólida nas próprias habilidades e capacidades, sem se deixar levar pelo orgulho ou pela arrogância. Líderes com ego saudável demonstram as seguintes qualidades:

  • Humildade: reconhecem suas próprias limitações e estão abertos a aprender com os outros.
  • Empatia: conseguem colocar-se no lugar dos outros e entender seus sentimentos e perspectivas.
  • Abertura a críticas: valorizam o feedback negativo e utilizam-no como oportunidade para crescer e melhorar.
  • Foco na equipe: priorizam as necessidades da equipa e da empresa acima de seus próprios interesses.
  • Inspiração: motivam e inspiram suas equipas a alcançar seus objetivos.

Líderes que conseguem gerir seu ego de forma eficaz e cultivar as qualidades mencionadas acima estão mais propensos a alcançar o sucesso nos negócios e a criar ambientes de trabalho positivos e produtivos.

Gerindo o ego: um desafio contínuo.

Gerir o ego é um desafio constante para qualquer líder. É importante estar ciente dos sinais de um ego inflado e tomar medidas para corrigi-los. Algumas dicas úteis incluem:

  • Praticar a autoconsciência: refletir sobre seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos para identificar padrões de ego inflado.
  • Pedir feedback: buscar feedback honesto de colegas, amigos e familiares sobre como tu te comportas como líder.
  • Estar aberto a novas ideias: considerar as opiniões e sugestões dos outros, mesmo que sejam diferentes das tuas.
  • Celebrar o sucesso da equipe: reconhecer e recompensar as conquistas da equipa, em vez de buscar reconhecimento individual.
  • Aprender com os erros: admitir os erros e usá-los como oportunidades de aprendizagem.

Lembra-te, o ego é um aspecto natural da personalidade humana. No entanto, cabe a cada líder decidir se o usará como um inimigo ou um aliado. Ao gerires teu ego de forma eficaz e cultivares as qualidades mencionadas acima, estarás no caminho certo para te tornares um líder inspirador e bem-sucedido.


O artigo “O poder do ego na liderança” de Rita Vilas-Boas, publicado no  https://linktoleaders.com/ , explora a diferença entre confiança e ego na liderança. Destaca que, enquanto a confiança é crucial, o ego pode ser destrutivo. 

Porque gostámos do artigo, segue abaixo uma transcrição completa do mesmo:

É fácil confundir ego com confiança. Mas, na verdade, são coisas bem distintas. A forma como gerimos essa diferença é que nos torna destinados ao sucesso, ou condenados ao fracasso.

Bem sei que são muitos os aspetos que condicionam o futuro de um negócio, mas de uma coisa estou certa: se, por um lado, a confiança é um elemento fundamental na liderança, por outro, o ego tem um enorme e perigoso poder sobre ela.

Ryan Holiday tem uma forma interessante de explicar como o ego pode ser o nosso maior inimigo. Segundo ele, estamos sempre a viver num de três momentos: a aspiração, o sucesso ou o fracasso. E, em cada um deles, as respostas para os desafios que se colocam estão quase sempre do lado oposto ao que o nosso ego deseja. Compete-nos, por isso, encontrar um equilíbrio ou deixar que o ego leve a melhor.

Tudo começa pela forma como lutamos por conquistar aquilo que aspiramos. É aqui que o ego pode constituir uma primeira ameaça, levando-nos a estabelecer objetivos demasiado irrealistas, a ambicionar reconhecimento pessoal demasiado depressa (e até, por vezes, a qualquer custo), a perder mais tempo a vender as nossas qualidades do que a pô-las em prática. Quando estamos nesta fase, é essencial haver um contraponto e fazer uma correta avaliação das nossas capacidades, procurando entender o que realmente nos motiva: se o fazemos por ser importante para nós ou para alimentar o ego.

A fase da aspiração traduz-se em trabalho: árduo, contínuo e interminável, num verdadeiro compromisso e empenho pelos resultados. É da experiência real do trabalho que surge a confiança de quem sabe o que faz porque acabou de o fazer, e não pela presunção de que somos excecionalmente bons.

Lembro-me de alguém dizer-me, em tempos: “Para conseguir ter 10 anos de experiência a exercer medicina foram precisos… 10 anos!” Nada mais simples do que isto: praticar, praticar, praticar ou fazer, fazer, fazer. E, de preferência, praticar/fazer aquilo de que se gosta. Porque, no final do dia, ninguém se torna escritor por escrever um livro, mas sim pela necessidade real de escrever todos os dias.

Vai chegar um momento em que o esforço vai compensar e, da aspiração, saltamos para o sucesso: a fase onde gerir o ego se torna mais desafiante do que nunca. Quando temos sucesso sentimo-nos no topo do mundo e o que era confiança facilmente resvala para arrogância, arrastando-nos para as mãos do ego. Com o sucesso, surge a pressão de defender o “território” conquistado, de provar cada vez mais o quão bons somos e o quanto merecemos o reconhecimento. Como resultado, o ego tolda-nos o discernimento e construímos, à nossa volta, uma muralha de ignorância.

Mantermo-nos “bem sucedidos” requer humildade, foco nos objetivos, abertura para ouvir a opinião dos outros, vontade de colaborar com eles, de construir relações e de querer saber mais. Não cometa o erro de achar que sabe tudo, nem deixe que o orgulho o impeça de continuar a aprender.

Aprendi isso com um gigante económico. Vivi e trabalhei na China durante quatro anos e essa foi provavelmente uma das maiores lições de humildade que tive, um verdadeiro abre-olhos que me fez curvar perante a constatação de que somos pequenos e ainda há tanto para melhorar.

Senão, vejamos: o que aconteceria se cientistas reconhecidos se tivessem ficado pelos louros iniciais das suas carreiras, desinvestindo nas suas pesquisas? Que seria de Steve Jobs se tivesse ficado pelo Mac Apple 2? Provavelmente viveríamos num mundo sem iPods nem iPhones! Inimaginável, não é?

Uma vitória não faz de si uma pessoa de sucesso. São precisos muitos mais sucessos, conquistados de forma contínua e consistente. Quando Kirk Hammet foi convidado para ser baterista dos Metallica, com apenas 20 anos, não deixou que o seu ego, alimentado pela fama e exposição mediática, o desviasse do objetivo de continuar a estudar guitarra exaustivamente. Graças à sua obstinação e eterna procura pela perfeição, 20 anos depois a revista Rolling Stone aclamava-o um dos melhores guitarristas de sempre.

O pior que nos pode acontecer durante um sucesso é esquecermo-nos do que nos levou até ele: faço isto por mim, ou pelo meu ego? E é então que entramos numa questão mais profunda: será que sei o que é importante para mim? Será que sei para onde quero ir? Não será também por isso que muitas vezes fracassamos?

Quando questionada sobre a característica que as pessoas de sucesso têm em comum, Oprah Winfrey não hesitou em responder: “As pessoas chegam onde querem ir porque sabem onde querem ir. A maioria das pessoas não sabe. A pergunta mais importante que se pode fazer a si próprio é: “O que quero realmente?”. Assim que consegues responder a essa pergunta, todas as escolhas que fizeres seguirão nessa direção e as forças da vida erguem-se ao teu encontro.”

Haverá sempre alguém aparentemente mais bem sucedido que nós. Mas será que isso significa que temos de correr para sermos os melhores em tudo? Definir o que é importante permite-nos fazer escolhas e eliminar o que se atravessa no caminho (e que possa comprometer os resultados), que é o mesmo que dizer: defina o seu “campeonato” e desista de participar em todos.

O caminho para o sucesso é exigente e sofrido, mas tombar para o fracasso pode ser demasiado fácil e rápido. Só há uma forma de combater o fracasso: com resiliência, humildade e paciência. Seria “simples” se não existisse o ego e o seu enorme poder para amplificar a frustração e a sensação de incapacidade. Mas, é no momento em que colocamos o ego de lado que passamos a isolar o fracasso das emoções e o analisamos friamente: o que nos levou a esta situação? O que podemos aprender com ela? Como podemos ultrapassá-la?

Para Holiday, tudo se resume a um ciclo de aprendizagem, em que “aspiramos até sermos bem sucedidos. Mantemo-nos bem sucedidos até falharmos. E continuamos a ser um fracasso até nos levantarmos e voltarmos a aspirar.” No meio desta equação está o ego e o seu poder de nos fazer ceder aos seus caprichos. O poder de deitar tudo a perder. É um difícil equilíbrio em que o truque está em saber ser “humilde nas aspirações”, “gracioso nos sucessos” e “resiliente nos falhanços”.

Ver artigo aqui: https://linktoleaders.com/o-poder-do-ego-na-lideranca-rita-vilas-boas-investidora/

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